São sinais de um tempo propositadamente enganador...preocupante...e...em certa medida...sufocante.
Sou de um geração que "inaugurou" os parques infantis.
Os parques infantis de então representavam uma enorme conquista...tinham tanta coisa associada...eram o resultado de lutas violentas nas sociedades mais desenvolvidas.
Os "velhos"...os desses tempos...e não os da fotografia...também se sentavam nos bancos de jardim...rejuvenesciam com o som dos risos e das brincadeiras das crianças...que se divertiam e cresciam...nos parques infantis...que eles "velhos"...haviam criado.
Mas o mundo ocidental mudou e continua a mudar...a uma velocidade vertiginosa.
Em simultâneo construíram-se muros...que nos impedem de ver para lá deles...e o que vemos é o resultado de inúmeros filtros...muitos dos quais desconhecemos a orientação...a tonalidade...a granularidade...e ainda menos os seus criadores.
Hoje há o "nós" e o "eles"...o espírito comunitário foi totalmente absorvido pelo ideal do individualismo...apenas há lugar ao conceito de comunidade quando tal se traduz em lucro...negócio...com os acumuladores do costume...elites...muitas sem rosto...detentoras dos poderes formal e informal.
Dentro dos muros a população envelhece...as máquinas reproduzem-se...as crianças não nascem...ninguém quer saber.
O futuro é o agora...o já...o umbigo de cada um...neste preciso momento.
Este registo fotográfico é um registo trágico...mas não tem sangue à vista...aponta para um futuro cheio de convulsões...incertezas...medos.
A visão de um parque infantil...sem esperança....

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