Vinha suave numa tarde quente...sentia-se a paz e a cada remada o barco respondia num deslizar tranquilo.
A arte da navegação morava ali.
Uma coordenação de movimentos sublime...pausada e afinada...de tal forma que distorcia a real dureza da tarefa.
Seguia em direcção ao porto de abrigo...ali haveria de permanecer ancorado...embalado pela doce ondulação.
O patamar da experiência do marinheiro...já estava claramente ultrapassado. A fusão do homem com o barco...era perceptível...sentia-se...o barco era a sua extensão material...um só em navegação.
Não sei de onde vinham...sei que iam ancorar...mas tenho a certeza que não seria a última viagem...a sua chegada não soava a despedida...pelo contrário...rotina talvez.
Este marinheiro...que tem a dureza do seu tempo bem cravado na pele...não vive sem navegação...poderá ser uma relação de amor ou ódio...mas o rio corre-lhe nas entranhas e ele pertence às entranhas do rio.
Era um final de tarde quente...que este marinheiro refrescou...construindo um doce quadro com a sua presença...
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